Críticos se derretem pela La Voix Humaine de Helene
Em maio e junho passados Helene ficou em cartaz no Club Noir como protagonista da Ópera La Voix Humaine de Poulenc. A produção foi uma remontagem da ópera produzida no ano passado no Teatro Adamastor de Guarulhos.
A imprensa cobriu intensamente essa ópera, a primeira a ser montada no Club Noir. Críticos se encantaram com a Elle de Helene e derramaram elogios, assim haviam feito em outubro do ano passado nomes relevantes do meio artístico.
“Interpretar a personagem Ella é um desafio enorme para qualquer cantora, exige enorme talento interpretativo e vocal e com ele Tati Helene prova que está entre os grandes sopranos do Brasil. Conheço poucas que teriam a coragem de se expor nesse papel complexo e desafiador. Sua voz de timbre negro, vigoroso oscila entre o tenro e o dramático conforme a necessidade da cena. Consegue com nuances vocais mostrar dramas e alegrias da personagem. Expressiva, complexa e penetrante: Assim pode ser descrito o talento vocal desse excelente soprano.
Sua interpretação cênica segue o mesmo nível vocal, consegue dramatizar e interagir com o cenário minimalista e a luz sempre na penumbra.” (Ali Hassan Ayache – Blog Ópera e Ballet)
“Soprano vence, com larga vantagem, o desafio de viver a protagonista da ópera A Voz Humana, montada em São Paulo.
Se a maioria de nós, pobres mortais, é feita, segundo Shakespeare, “da matéria de que são feitos os sonhos; nossa vida pequenina é cercada pelo sono”, algumas pessoas – especialmente aquelas que enveredam pelas Artes – têm um componente a mais [uma graça, uma chama] que lhes confere o que costuma se chamar no meio artístico de star quality: carisma essencial para fascinar plateias com algo que vai além do talento: certo brilho pessoal.
A soprano paulistana Tati Helene é uma dessas artistas cujo fulgor vem cintilando com cada vez mais intensidade. Depois de participações no Festival de Ópera do Theatro da Paz, em Belém (em 2012, como Salomé, na ópera homônima, e em 2013, como Senta, na ópera O Navio Fantasma), no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (substituindo, às pressas, a diva Eliane Coelho como a protagonista de Médée, de Cherubini, em 2013), entre outros trabalhos, a cantora deu vida, em maio e junho, à angustiada protagonista da ópera A Voz Humana, encenada no Club Noir, em São Paulo.
Interpretando a mulher jovem e elegante (de acordo com a descrição de Cocteau que precede a partitura), Tati Helene enfrenta com galhardia os desafios que se impõem. As dificuldades cênicas (o palco quase nu, praticamente sem artifícios para se apoiar) e dramáticas (a oscilação emocional da personagem demanda controle sobre a atuação e inteligência interpretativa) são vencidas pela grande expressividade que a cantora (que tem formação em teatro, além de mestrado em performance) demonstra. Ela consegue transitar da (falsa) esperança às raias do desespero, da desilusão à excitação diante de um possível reencontro com o homem amado.
Além disso, a soprano mantém seu bonito e vigoroso timbre em uma linha de canto clara e firme, sem alternâncias de colocação da voz – dificuldade ainda mais intensa em uma partitura cheia de ariosos e recitativos ansiosos e fragmentados, que permanecem, em grande parte do tempo, na região média da voz, exigindo técnica vocal sólida, além de talento dramático. Tati Helene tem as duas características de sobra e vence em mais um trabalho, mostrando sua bela voz, seus atributos cênicos e um star quality que cada vez mais exige luz. ” (Fabiano Gonçalves – Movimento.com)