A força de Helene em Suor Angelica
Em um dos papéis mais intensos de sua carreira, a soprano Tati Helene emocionou profundamente o público ao interpretar a personagem-título da ópera Suor Angelica, de Giacomo Puccini, apresentada nos dias 23 e 24 de agosto no Theatro Pedro II, em Ribeirão Preto. A montagem, realizada no ano do centenário de morte do compositor italiano, foi um dos pontos altos do projeto “A Caminho do Interior”, em correalização com o Consulado Geral da Itália em São Paulo e o Istituto Italiano di Cultura San Paolo.
A ópera, encenada com a Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto sob a regência do maestro Reginaldo Nascimento, tocou o público com sua narrativa de dor, redenção e fé. E foi justamente na figura de Suor Angelica que se concentrou a emoção mais pungente do espetáculo. Com domínio vocal impressionante e sensibilidade dramática arrebatadora, Tati Helene conduziu a plateia por uma verdadeira jornada interior.
Sua interpretação da ária “Senza mamma” foi um dos momentos mais tocantes da récita. Cantando com um lirismo delicado e ao mesmo tempo devastador, Tati traduziu toda a dor da personagem ao saber da morte do filho, arrancando lágrimas da plateia com sua entrega visceral e sua voz profundamente comovente. O desfecho da ópera, com seu envenenamento, foi ainda mais impactante graças à força interpretativa da soprano, que deu corpo e alma à protagonista com rara intensidade.
A montagem contou com direção geral e artística de Paulo Abrão Esper e preparação de coro da maestrina Snizhana Drahan, e destacou-se não apenas pela qualidade musical, mas também pela delicada construção cênica, que colocou em evidência o protagonismo feminino e as dores ainda atuais das mulheres silenciadas pela sociedade.
Ao lado de Tati Helene, completaram o elenco as solistas Andreia Souza (Zia Principessa), Anita Furlan (Suor Genovieffa), Cristina Modé (Badessa), Carla Barreto (Suora Zelatrice e Infermiera), Daphne Oliveira (Maestra delle Novizie), entre outras grandes vozes femininas, compondo um espetáculo de forte impacto coletivo.
O sucesso em Ribeirão Preto se somou às anteriores apresentações em São Paulo, no Teatro Sérgio Cardoso, em Santo André, no Teatro Municipal de Santo André Maestro Flávio Florence, e em Jundiaí, no Teatro Polytheama, onde Helene também protagonisou Angelica com a Sinfônica de Santo André.
Foto: Pierre Duarte