Doçura em meio ao Terror
Nos dias 6 e 7 de outubro, o Teatro Padre Bento, no Jardim Tranquilidade, foi palco de uma experiência intensa e sombria com a apresentação da ópera A Médium, de Gian Carlo Menotti. A produção, que integrou o II Festival de Ópera de Guarulhos, trouxe ao público uma história de terror psicológico marcada pelo sobrenatural, mistério e suspense — e teve como um de seus pontos altos a atuação marcante da soprano Tati Helene no papel de Mônica.
Com uma presença cênica hipnótica e domínio vocal refinado, Tati deu vida à jovem Mônica, personagem envolta na tensão emocional que permeia a trama. Em meio ao universo sombrio da falsa vidente Madame Flora, interpretada por Nathalia Serrano, Mônica é a figura que equilibra doçura e inquietação, e foi precisamente essa dualidade que Helene traduziu com sensibilidade e intensidade.
Sua interpretação da canção The Black Swan, uma das árias mais emblemáticas da obra, arrepiou a plateia com coloridos pianíssimos e um lirismo que amplificou o clima de mistério da encenação. Sua Mônica é, sem dúvida, um dos grandes destaques desta montagem inesquecível de A Médium.
Com direção cênica de Julianna Santos, dramaturgia de Lívia Sabag e regência do maestro Emiliano Patarra à frente da Orquestra GRU Sinfônica, A Médium teve uma encenação intimista que potencializou a tensão psicológica da história. O espaço do Teatro Padre Bento, com sua proximidade do público, criou a atmosfera perfeita para que a performance ressoasse com ainda mais força e emoção.
O elenco também contou com os cantores Vinícius Atique, Thayana Roverso, Luiza Girnos e o ator Dennis Goyos, em uma montagem que reacende no Brasil o brilho raro de uma obra pouco encenada — a última montagem nacional havia sido na década de 1960.
Foto: Gal Oppido